O plágio acadêmico tem sido tema dos noticiários à todo momento, tornando-se uma preocupação constante para as instituições, mas será que toda essa preocupação está na direção certa? E se estivemos olhando para o lado errado?
Com a expansão da internet e a entrada de conteúdos novos e antigos em progressão geométrica multiplicam-se as possibilidades de plágio pelo simples fato de que a informação está, literalmente, ao alcance de um click.
Um estudo publicado em 09/04/2014 estimava que a informação disponível já era de 1 septilhão de bits, coisa absurda, 1 seguido de 27 zeros, mas a projeção para 2020 era bem pior, falavam em 6 vezes mais informação.
Os números são tão absurdos que rompem as barreiras da matemática e passaram a ser “contabilizados” com base na distância entrea terra e a lua.
Se analisarmos esse volume de dados absurdo é fácil concluir uma coisa simples:
– Será (ou já é) impossível localizar com precisão, no tempo e no espaço, usando tecnologias de data mining (mineração de dados) uma informação específica.
Temos notado isso no mais popular dos buscadores, o Google, ou sou só eu que percebi que os resultados das pesquisas são cada dia menos relevantes, menos precisos e, portanto, menos úteis.
Trazendo essa realidade já conhecida pelos entusiastas de TI comoBig Data, podemos perguntar se os softwares de detecção de plágio serão capazes de lidar com tamanha massa de informação?
Essa é a primeira pergunta à ser respondida, mas não a única.
A questão do plágio, na minha opinião, não passa tanto pela ética, trata-se muito mais do risco. Se o risco é pequeno, cresce a tentação de copiar, afinal, como vão saber?
Uma forma cada vez mais comum de “perder” seu trabalho acadêmico é o uso de serviços de editoração, é fácil encontrar na internet a oferta desse tipo de serviço.
O que alunos muitas vezes ignoram é que alguns (milhares, talvez dezenas de milhares) desses profissionais que se oferecem para diagramar no padrão ABNT acabam transacionando o material antes mesmo de entregá-lo ao contratante.
É fácil encontrar sites que oferecem um banco de dados de monografias prontas ou para “inspiração”, bastando você “pagar” com uma monografia original para inclusão no banco de dados.
Na prática, muitas vezes o trabalho acadêmico é vendido para terceitos antes mesmo que o verdadeiro autor receba ele diagramado como prometido por esses “prestadores de serviços”.
Plágio internacional, um risco que cresce diariamente e em ritmo exponencial.
Com tecnologias cada vez mais avançadas de tradução on-line, internacionalizou-se o plágio, já vimos até casos de políticos famosos que cometeram plágio desta forma.
Considerando-se ainda, que em 2011 estimava-se que haviam mais de 170 milhões de sitese que esse número baseava-se na quantidade de domínios ativos, portanto desconsidera milhões de blogs que usam subdomínios (Ex.: nomedoblog.wordpress.com), redes sociais, etc torna-se praticamente impossível mapear e comparar tamanha base de dados em tantas línguas diferentes.
Some-se a isso o fato de que a legislação (nacional e internacional – no caso a Convenção de Berna) afirmam que o direito autoral independe de registro e, com isso, já há um certo incentivo a não formalizar nenhuma proteção, aliás, proteção essa que é burocrática, complexa e cara na maioria dos países, em especial no Brasil, afinal o método protetivo “tradicional” é o mesmo utilizado na Idade Média.
Então, aos olhos do plagiador, a chance de ser pego é pequena e, mesmo que ocorra, o risco de um processo judicial é ainda menor (quase inexistente) porque as provas que o verdadeiro autor tem, em sua maioria, não são aceitas em juízo, sob esse ponto de vista parece que o crime compensa, não é mesmo?
Então, podemos concluir que ferramentas de identificação da cópia/plágio, isoladamente, são insuficientes para criar uma percepção de risco para o plagiador.
Partindo desse conceito a melhor forma de inibir o plágio é aumentar a percepção de risco, mas como fazer isso?
Aumentar a percepção do risco é a melhor forma de inibir o plágio acadêmico
A melhor alternativa é fazer a devida proteção do Direito Autoral (Copyright) e deixar claro que a obra é protegida, assim o candidato à plagiador poderá ter uma noção clara do risco, de que não se resume a alguma sanção acadêmica e que pode se converter em um processo judicial, sujeito à indenização.
A forma mais simples e barata de fazer isso é usando o site Avctoris, que realiza o registro on-line de obras (inclusive acadêmicas) e tem um custo muito acessível (R$ 14,90 por registro).
Outra forma é utilizar os meios tradicionais, ou seja, a Biblioteca Nacional, porém, aburocracia excessiva e os custos (a partir de R$ 40,00) em geral inibem os usuários.
Independente da opção escolhida para formalizar a proteção da obra, há um caráter didático adicional:
– Caso uma pessoa realize o registro sem, de fato, ser o autor ou contendo no seu contexto algum tipo de plágio o próprio registro constitui prova do ilícito e, nesse caso, poderá inclusive ser usado pelo verdadeiro autor como prova da má fé, desta forma há um incentivo excepcional para que as obras registradas sejam, de fato, de autoria própria.
CONCLUSÃO:
É impossível acabar completamente com o plágio, isso é fato, entretanto unir ferramentas de proteção e de detecção é, sem dúvida, a forma mais eficiente de inibir essa prática e dar um mínimo de segurança à docentes e discentes, incentivando a produção acadêmica e intelectual.